segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Nem 8, nem 80

Daniel Guerra (*) 

Vamos trocar uma ideia a respeito do Neymar. Isso, aquele mesmo, do Santos. Joga muita bola, tem intimidade com a parada, não tem medo do adversário. Enquanto o "medo" não existir somente contra o marcador, tudo bem; futebol é arte e, neste país, desde que me entendo por gente, é um jogo a ser jogado pra frente, pra cima, com meias inteligentes e atacantes matadores, de sangue frio e faca nos dentes.
Porém, algumas paradas recentes estão queimando o filme do Neymar. Já bradou que é milionário pra não sei quem, quis sair no braço com o João Marcos, do Ceará; depois xingou o cara que mete a mão no braseiro por ele, o "professor" - como ele mesmo chamou - Dorival Júnior, seu técnico no Santos Futebol Clube. Neymar precisa aprender que agora é empregado do Santos, é figura pública, é admirado por uma legião de fãs - principalmente crianças - e, consequentemente, é um formador de opinião. Não é mais um moleque das categorias de base. Neymar tem que aprender que não pode falar o que quiser, fazer gestos, caras e bocas, e depois postar no twitter que "Tamo junto, professor kkkkk". Não. Não é por aí.
O René Simões, cara com fama e excelente currículo internacional, bom na beira do campo e, principalmente, no vestiário - psicólogo nato, "filosofa" seus livros de cabeceira com seus jogadores - disse depois do Santos x Atlético/GO (onde trabalha) que "deve-se tomar muito cuidado com Neymar para não formarmos um monstro". Também não acho que seja por aí. Respeito o profissional que é e os resultados de René na carreira, mas acho que não é pra tanto. É um moleque de 18 anos.
O que acho que Neymar deve aprender é que a pouca idade não pode ser pretexto pra baixaria. Seus últimos xiliques realmente foram repudiantes e o próprio Mano Menezes, técnico da Seleção, mandou o camarada abrir o olho. Mas tudo isso é reflexo de deixarem o cara fazer tudo o que quer; no Santos, é tido como "intocável". Dá lençol em clássico com bola parada, diz que tem dinheiro e pode tudo, mas quando perde um jogo, quer sair na pancada pra resolver. Se o Dorival determina outro pra bater pênalti, xinga o comandante e corre pro twitter pra desabafar no Mundo Mágico de Neymar e seus amigos. Não é mesmo por aí, parceiro.
Neymar Júnior, tu aceita (duvido muito) um conselho de peladeiro? Veste a 11, calça a chuteira da humildade, cala a boca e mete gol. Você não é santo; mas também não é monstro. É adolescente. Nem 8, nem 80.

Daniel Guerra é jornalista e membro da ACDDF.

Nenhum comentário:

Postar um comentário