Este artigo foi publicado em 2004 nos jornais Folha da Serra (Sobradinho-DF) e O Movimento (Paracatu-MG). Mesmo depois de decorridos sete anos da publicação original continua atualíssimo. Reproduzo aqui mantendo a grafia corrente à época.
Opção contra a violência
Jorge Luiz Alencar Guerra
A violência deixa a sua marca mesmo o País não estando em guerra. Brasília ostenta, entre outros títulos, o de cidade com alto índice de violência. Embora, repudiado por todos os moradores não há como negar que a cidade concorre com outras metrópoles do País para fazer jus ao título.
Crimes bárbaros são cometidos tendo por motivação fúteis argumentos.
A cidade, pela sua dinâmica e seu traçado urbanístico, foi planejada para propiciar ao morador e ao visitante uma qualidade de vida superior à media das outras metrópoles. Tudo deveria funcionar, de acordo com a natureza do negócio, em áreas previamente estabelecidas. A zorra dos grandes centros não poderia ocorrer aqui. Não poderia! Mas, a necessidade de mão-de-obra no segmento da prestação de serviços, fez com que a cidade sofresse inchaço e vazasse para além dos limites predeterminados na sua concepção. Isso motivou a migração desenfreada de outras regiões e a acolhida sem planejamento ou visão de futuro. Os resultados saltam aos olhos de quem aqui chega.
A cidade possui uma das maiores rendas per captas do País e ao mesmo tempo concentra bolsões de miséria e qualidades subumanas no seu entorno. Soma-se a isso os crimes hediondos que são praticados nas barbas dos poderes distrital e federal.
A população do Plano Piloto e das cidades-satélites convive com tráfico de drogas, assaltos, seqüestros, estupros e confronto entre gangues, como se cada cidadão fosse responsável pela sua segurança e da própria família, ou seja, no popular “cada um por si e Deus por todos”.
Brasília também lidera as estatísticas de crimes cometidos por gangues. Gangues formadas por adolescentes e jovens de classe média alta, contrapondo com as gangues de outros centros, que se formam principalmente nas periferias.
Em Brasília diversão pode ser prenúncio de confusão. A segurança dos eventos, feita por empresas contratadas, deixa a desejar. A truculência e o despreparo dos “seguranças”, motivando agressões pesadas aos jovens freqüentadores desses eventos, despontam nas delegacias com alto grau registro de ocorrências. Porém, quase sempre, ocorrências que não são apuradas porque não se sabe nada sobre o agressor e a empresa de segurança não detém registros dos contratados free lancer.
Morre aí a intenção de punir a agressão vil e covarde!
As boates inauguradas com grande pompa prosperam por pouco tempo. Logo, logo, passam a ser territórios de gangues de bad boys que, usando da truculência, arrastam para a pista de dança garotas acompanhadas, humilhando e agredindo quem as acompanha.
Os pais, ilhados entre a violência incontida das ruas e os prazeres dos filhos, investem pesado para “prendê-los” em casa. Adquirem desde os sofisticados equipamentos de jogos eletrônicos até computadores de alta performance equipados com câmera de áudio e vídeo, HD compatível com as necessidades de troca de arquivos em diversas mídias, gravador de CD’s e outras parafernálias até então somente disponíveis para os seguimentos profissionais do mercado.
O jovem de hoje “conversa” com o mundo através da rede mundial de computadores. Não há mais lugares desconhecidos, não há mais fronteiras, tudo está a uma distância de um simples clic.
A violência contribuiu decisivamente para que os jovens de hoje prefiram a reclusão doméstica aos prazeres próprios da idade, abrindo mão do convívio social e optando pelo convívio virtual.
Triste da juventude que tem que abdicar de seus prazeres para resguardar-se das mazelas da violência.
A violência não é só um problema social é, antes de tudo, um problema cultural de um povo que não acredita nas propostas emanadas de seus governantes para que possam pôr fim ou, ao menos, coibi-la.
Texto muito atual e amplamente esclarecedor. O jovem de hoje vive um exílio na sala de casa ou no seu próprio quarto. Mas como o mal não conhece limites, entramos em outra questão que intriga o judiciário: crimes virtuais. Câmeras de vídeo e chats online devem ter uma permanente supervisão dos pais para que a covardia real não migre para a tela do computador.
ResponderExcluirIsto mesmo!
ResponderExcluirParabéns pelo texto Jorge Luiz Guerra e para ilustrá-lo deixo o meu Poema.
ResponderExcluirViolência, uma opção ou instinto do homem?
Ser violento atualmente, é uma necessidade que...
É próprio do instinto do ser humano que é....
Violente e essa violência é algo que para as pessoas...
Não têm precedentes, limites e até por causa disso, elas esquecem do mundo...
Refugiando-se nos ideais revolucionários, as gangues de adolescentes...
Formadas pelas nossas crianças domesticadas nos jogos de violência e por essa “bela orientação” dizem: “Eu quero,posso e vou fazer o que bem quiser e ..
A PM ou os meus pais não podem pegar no meu pé, (perderam-se aí o respeito nas relações entre as pessoas)
Por isso, “A violência não é só um problema social é, antes de tudo, um problema cultural de um povo” que não tem limites.
Mas, apesar disso...
O mundo não está perdido. Ainda tem um jeito, meu amigo!
Como disse Luis de Camões, poeta português: “Mudam-se os tempos mudam-se as Vontades”.
Portanto, nos unir e lutar pela vida para amanhã coibi-la e o bem seja a nossa vontade.
Abraços: Diogo Rocha Braga,seu primo
Valeu, Diogo. Muito bom. Parabéns!
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