sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Feridas que sangram


O presidente do Chile, Sebastian Piñera, alinhado à direita conservadora na política chilena, deu mostras do que poderá ser o seu governo, com relação à história do país, ao aprovar a redução das horas de aula de Geografia e História, no currículo dos estudantes chilenos.

Mas a mudança não ficou somente aí.

Afrontando a convivência política do Chile, o presidente introduziu também a mudança de conceito para designar os anos de terror do governo de Pinochet ao determinar a substituição do termo “ditadura militar” por “regime militar”. Esta atitude presidencial é um desrespeito às vítimas e suas famílias, conhecidas ou não, do regime de exceção que dominou a maioria dos países da América do Sul e que até hoje é uma úlcera que sangra.

Os tempos de Pinochet são caracterizados pela violação aos direitos humanos, pelo extermínio em massa dos inimigos do regime e, principalmente, pela falta de informação oficial sobre o paradeiro dos presos-desaparecidos.

A sociedade do Chile não pode simplesmente aceitar a decisão governamental de amenizar as atrocidades de um regime de exceção. Há muito mais para ser esclarecido que a mera troca de conceitos.

O povo chileno, argentino, uruguaio e brasileiro sabe muito bem que viveu uma “ditadura militar” e não pode aceitar, em respeito àqueles que tombaram na defesas de suas idéias, proselitismo político.

Há ainda, muito que se esclarecer sobre a “ditadura militar” chilena, especificamente quando se fala de mortos e ou desaparecidos. Muitos foram enterrados ou cremados sem identificação o que dificulta a afirmação oficial de suas mortes.

A supressão das liberdades individuais não pode ser outra coisa senão uma ditadura. E Pinochet, no Chile, comandou uma “ditadura militar”, não há como apagar isto.

2 comentários:

  1. É uma soberba sem tamanho, pois a nomenclatura pouco influencia ou apaga o que milhares de pessoas viveram nas ditaduras que se estabeleceram na América do Sul, mais precisamente nas décadas de 60 a 80. Hoje ainda se vê muito sangue derramado pelo lado mais fraco da corda e a tendência é a de que essa dor calada se arraste por anos se o perfil de presidentes (leia-se ditadores) eleitos (ou não) for o de Piñera.

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