quarta-feira, 30 de maio de 2012

A ordem dos fatos


        A destemperança verborrágica do ministro Gilmar Mendes ao tratar da matéria da revista Veja, sobre um encontro entre ele e o ex-presidente Lula, com repercussão política capaz de abalar as estruturas institucionais do País, não coaduna com o seu cargo que o exige sereno, lúcido e imparcial.

        Não é a primeira vez e nem será a última que o ministro assume ares de revolta em meio a turbilhão de fatos envolvendo seu nome. Melhor seria se ficasse mais no anonimato e menos na berlinda. Afinal, como membro da mais alta Corte julgadora da República deveria preservar-se mais. Os queixumes e os fatos não dizem respeito à instituição Supremo Tribunal Federal, e sim a um seu integrante que, pela natureza da constituição da Corte, não julga e não decide sozinho.

        Não há tempo para postergação de julgamentos de processos que se arrastam como paquidermes. As iminentes aposentadorias dos ministros Carlos Ayres e Cezar Peluso impõem ao Supremo Tribunal Federal celeridade na conclusão de julgamentos que interessam à sociedade.

        A exposição na mídia, neste caso, não é vantajosa para nenhum dos envolvidos no episódio e muito menos para os poderes constituídos. Aufere, sim, vantagem a exploração midiática do episódio quem o noticia e, a partir daí, prolifera a gestação de escândalos duvidosos.

       Melhor para todos se o ministro voltasse a sua eloqüência e conhecimento jurídicos para as atividades diárias do seu labor e o ex-presidente Lula continuasse a sua luta pela conscientização e inclusão daqueles, ainda, milhares de excluídos.

      O ministro Gilmar Mendes e o ex-presidente Lula não podem conviver como se ainda vivêssemos os tempos da Casa-Grande e da Senzala.

Morre o jornalista Jorge Martins

             Faleceu, hoje à noite, no Hospital Brasília, na capital federal, o jornalista carioca Jorge Martins. Presidente da Associação Brasiliense de Cronistas Desportivos-ABCD e um dos fundadores da Associação Brasileira de Cronistas Esportivos-Abrace. Trabalhou em diversos jornais, dentre eles Diário Carioca, Jornal dos Sports, Diário de Notícias, Jornal de Brasília, além da Revista Placar. Editor de esportes dos jornais Diário de Brasilia, Última Hora/DF, Correio do Brasil, Correio Braziliense, Revista Gol. Apresentou na TV Capital o programa esportivo Câmera 8, por nove anos e, ainda, o programa Brasília Urgente por dois anos. Foi editor-geral dos jornais Diário de Brasília e Correio do Brasil. Era integrante da equipe de esportes da Rádio Clube do Brasil  e colunista do BSB Agora, Jornal Polícia nas Ruas e Revista Fatos. Trabalhando em conjunto com outros pioneiros coube a Jorge Martins sugerir ao então governador do Distrito Federal, Elmo Serejo de Farias, o nome de Mané Garrincha, o maior ponta direita que o mundo já conheceu, para designar o principal estádio da Brasília e que agora, em reformas, receberá jogos da Copa das Confederações, em 2013 e da Copa do Mundo, em 2014.  Ex-vice-presidente da Federação Brasiliense de Futebol, botafoguense e bacharel em Direito pela Faculdade Brasileira de Ciências Jurídicas do Rio de Janeiro, foi, ainda, jogador do infanto-juvenil do Botafogo e, em 1964 ,com colegas do extinto Tribunal Federal de Recursos-TFR, fundou o Esporte Clube Carioca, filiado à Federação Metropolitana de Futebol-FMF, no qual também jogou por três anos. (*)

          Jorge Martins abriu portas, criou oportunidades e incentivou aos jornalistas em início de carreira. Muitos entraram no mercado de trabalho por ele ou com o seu apoio. 

          A sua coluna Crocodilo, sucedida pelo Blog do Crocodilo, era essencialmente futebol. Opinião, crítica, humor e sempre com uma modelo de encher os olhos dos leitores. Leitura obrigatória para os fanáticos pelo futebol, independente da paixão clubística.

         Jorge Martins deixa um vazio no jornalismo brasiliense, na torcida botafoguense, nos amigos e na sua família, principalmente, a esposa Vandelícia e sua filha Alícia.  

(*) Fonte: Blog do Crocodilo