Outubro de 2000. Mais precisamente, noite do dia 10. Servidores
da Imprensa Nacional mobilizados contra alteração no cálculo da Gratificação de
Produção Suplementar, sem direito à defesa e ao contraditório, são
surpreendidos com a redução drástica no valor da gratificação de R$ 3.000,00
para R$ 700,00. O benefício foi instituído por lei no ano de 1964. Mas isto não
era tudo. Começava o desmonte de uma das mais antigas instituições públicas do
País, sendo referência internacional na recuperação de obras raras e na
qualidade dos serviços gráficos executados. Era, também, a editora responsável pelas
publicações do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro; da Academia
Brasileira de Letras; da Casa de Rui Barbosa; das Revistas dos Tribunais
Superiores, entre tantas. Com uma
canetada o mundo começou a desmoronar: servidores colocados em exercício provisório
e com acesso proibido à velha Imprensa; outros redistribuídos; muitos levados a
óbito e o seu valiosíssimo parque gráfico, composto por equipamentos de última geração,
outrora pujante, “doado” ao Centro Gráfico do Senado Federal. E porque não a um
dos órgãos do Poder Executivo que possuía gráfica? Difícil saber, difícil
explicar! Uma coisa se sabe, a decisão foi orquestrada nos porões do Palácio do
Planalto, costurada em gabinetes do Senado e arrematada no andar decisório da
sede da Presidência da República.
Mas a quem interessaria o desmonte e a desqualificação do órgão?
É certo que a Abigraf e o Sindigraf-DF publicaram no Correio Braziliense uma moção de agradecimento
ao então presidente FHC pela “decisão corajosa de homem público” tomada por ele
quando extinguiu a atividade gráfica, exceto a impressão dos jornais oficiais.
Também é certo que o então senador Arruda – renunciou ao mandato em 24/5/2001 –
era integrante da representação dos interesses da indústria gráfica no Senado
Federal, tendo recebido doações do segmento para sua eleição.
Mas o que tem isto tudo a ver com os dias atuais?
Muito! À época, os dois líderes nas pesquisas ao cargo de senador “habitavam” o
Congresso Nacional. Um, como assessor do senador Arruda e o outro, como deputado
federal. Reguffe e Magela trabalharam em frentes completamente diferentes na ocasião.
O primeiro assessorando a cabeça pensante
da ação desmedida e tresloucada que marcou negativamente a Imprensa Nacional,
seus servidores ativos, inativos e suas famílias. Magela, participando das negociações
e compondo a frente de representação dos fragilizados servidores.
Marcou-me profundamente uma intervenção de Magela em
uma das reuniões realizadas com a tropa de choque de FHC, no Palácio do
Planalto. Ao tentar contextualizar uma assertiva foi advertido pelo então Secretário
de Administração da Casa Civil, Ari Matos, de qual seria a forma correta de
postura naquela reunião. Magela, enchendo a todos nós de orgulho, retrucou: “Nas
mesas de negociações dos diversos segmentos já estive em todos os lugares,
menos embaixo.” Ou seja, sempre com ética defendendo aquilo em que acredita
independente da parte a qual representa.
E é por isso que tem o meu voto e da minha família!