Ao
tomar posse como pároco da paróquia de Nossa Senhora de Fátima, em Monte Alegre
do Piauí, no ano de 1967, o padre Raimundo Dias Negreiros residiu em Gilbués
atendendo a uma determinação do bispo diocesano de Bom Jesus, d. José Vasquez.
A determinação tinha por objetivo reforçar o corpo docente do Ginásio Divina
Pastora com o aproveitamento do padre Raimundo para ministrar as disciplinas
Língua Portuguesa e Inglês.
A
comunidade mariana montealegrense continuava, até então, em segundo plano,
considerando que o seu pároco continuava a morar em Gilbués, como os seus
antecessores, vindo apenas celebrar aos sábados à noite e domingos pela manhã.
Algumas lideranças, religiosas e da comunidade, resolveram conversar com o
padre sobre a situação. Na reunião, realizada pós-missa de sábado, ele falou
aos presentes que gostaria de vir morar em Monte Alegre, porém, precisava de um
lugar. As lideranças prometeram que, o mais breve possível, ele teria morada na
cidade. No outro final de semana, em nova reunião, as lideranças informaram ao
padre que a casa seria adquirida pela prefeitura municipal e repassada à
paróquia, conforme acerto com o prefeito municipal João (do Ouro) Rodrigues de
Carvalho. A casa seria mobiliada com doações da comunidade. Em pouco mais de um
mês a residência foi adquirida, mobiliada e a despensa abarrotada de
mantimentos diversos. Entretanto, d. José, ao tomar conhecimento, deu ordens
para que o padre Raimundo continuasse dando aulas no GDP – o que o levaria a
ficar ausente toda a semana.
De
comum acordo com padre Getúlio de Alencar, então diretor do GDP, o padre
Raimundo conseguiu mexer na grade horária, permitindo que suas aulas fossem
somente de segunda a quarta-feira, propiciando sua residência em Monte Alegre
de quarta-feira à tarde até segunda-feira cedo, quando dava carona em seu jipe
para rapazes e moças que estudavam em Gilbués.
As
reuniões aos domingos com os jovens na igreja matriz, foram preponderantes para
amadurecer a ideia de criar um ginásio em Monte Alegre, permitindo oportunizar
aos jovens a continuidade dos estudos interrompidos após a conclusão 5º ano
primário.
Assim,
“ no peito e na raça” e contando com o apoio das professoras Daysa Alencar
Guerra, Maria dos Humildes Aguiar, Isabel Maria de Jesus, Neide Nogueira e
lideranças de outros segmentos, o padre empreendeu viagens para Brasília,
Fortaleza e Teresina com o objetivo de registrar a Obra Social Nossa Senhora de
Fátima, que era o instrumento de sustentação para receber verbas públicas e
subvenções diversas. Com a legitimação da obra social, pode-se criar o
estabelecimento de ensino auspiciado por Nossa Senhora de Fátima.
Em
1968, primeiro ano de funcionamento, 52 alunos ingressaram na 1ª Série do
Ginasial, após aprovação no Exame de Admissão. Formavam o corpo docente os seguintes mestres: Padre Raimundo (Português e Inglês); Daysa Guerra (Secretaria e História); Maria dos Humildes (Ciências); Isabel de Jesus (Geografia) e Neide Nogueira (Matemática). O estabelecimento de ensino
funcionou durante o primeiro ano na casa que viria a ser do casal Mundico e
Naísa Mascarenhas, no período vespertino. No período matutino, no mesmo local,
funcionou o 5º Ano Primário, anexo ao Ginásio, embrião da Unidade Escolar
Manoel Bandeira.
No
ano seguinte, as duas salas do primeiro andar do prédio da então prefeitura
municipal, hoje Câmara de Vereadores, foram ocupadas no período vespertino
pelas 1ª e 2ª Series do Ginasial, e o 5º Ano Anexo no período matutino, já
contando com outros professores vindos de fora, como Rita Pereira.
No
ano de 1970, as salas da casa paroquial foram demolidas para no espaço receber
a 3ª Série, continuando as 1ª e 2ª séries no primeiro andar da prefeitura.
Erotides Caetano assumia a cadeira de Matemática. Enquanto isso a construção do
prédio do Ginásio caminhava a passos largos para alojar as quatro séries, a
secretaria, a diretoria e a sala onde era preparada a merenda. Assim, foi
possível que a turma pioneira de formandos também estudasse no novo prédio.
Em
21 de abril de 1972, foi empossada a primeira diretoria do Grêmio Ginasial
Tiradentes, composta por Neuton Nogueira, presidente; Evancy Fernandes,
secretária; e Jorge Luiz A. Guerra, orador.
Com a estadualização e municipalização dos estabelecimentos educacionais o GNSF, estabelecimento de ensino particular, perdeu a razão de existir na sua concepção original e foi municipalizado preservando suas cores, seu hino e sua tradição.
O
Ginásio Nossa Senhora de Fátima oportunizou o crescimento cultural e a formação
humana alicerçada em valores éticos e morais a muitos jovens montealegrenses.

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