A substituição de Arruda como
candidato ao governo do Distrito Federal por sua esposa Flávia Arruda não é
inédita e nem primazia de Brasília. Nas eleições de 2010, o então candidato
Joaquim Roriz, ao apagar das luzes da campanha, surpreendeu a todos ao levar
para os palanques de campanha a sua esposa Weslian
do Perpétuo Socorro Peles Roriz, uma prendada dona de casa cuja experiência na
política estava adstrita ao cargo de primeira-dama.
O eleitorado brasiliense estupefato assistia aos debates pela TV e perplexo
negava-se a aceitar que em sã consciência Roriz tivesse empurrado sua esposa
para a cova dos leões (leia-se, debates políticos com os outros postulantes ao
cargo de governador do Distrito Federal). A frágil presença, os erros e
deslizes primários cometidos pela candidata nestes eventos motivaram piadas e vídeos na
internet. Em um comentário chegou a afirmar que se eleita ela seria a Governadora, mas Joaquim é que
iria governar.
Agora, a situação não é muito diferente. O candidato Arruda, depois de
sucessivas derrotas judiciais nos tribunais, que não reconhecem a legitimidade
de sua candidatura, e restando-lhe um recurso ao Supremo Tribunal Federal,
resolveu abdicar de concorrer ao cargo no último dia para substituições,
apresentando o seu candidato à vice como cabeça de chapa e trazendo sua esposa,
Flávia Arruda, para o posto de candidata a vice-governadora.
Uma e outra jamais deixaram de
apoiar seus respectivos gurus políticos em qualquer enrascada. Para Weslian, o
patriarca dos Roriz sempre esteve com a razão, fosse qual fosse a situação. Flávia, nos difíceis dias do cárcere de Arruda,
após a perda do mandato de governador do Distrito Federal por improbidade, foi presença
constante e solidária ao chefe do clã.
Fora do quadrilátero do Distrito
Federal situações análogas se repetem. Em Mato Grosso e Roraima, velhos patriarcas da política, uma vez considerados
fichas sujas, são substituídos pelas respectivas esposas, dando à politica um caráter
de propriedade hereditária e subestimando o alcance da compreensão do
eleitorado. Em Mato Grosso, acusado de desviar R$ 65,2 milhões dos cofres da
Assembleia Legislativa, José Riva, impedido de concorrer, tenta eleger Janete
Riva. Em Roraima, Suely Campos, esposa do ex-governador e hoje deputado Neudo Campos,
apesar da experiência política de um mandato de deputada federal, tem contra
ela a suspeita de vazamento de informação reservada quando integrou a CPI da Exploração
Sexual. O Tribunal de Contas do Estado de Roraima abriu processo para
investigar irregularidade na aplicação de recursos públicos contra ela enquanto
primeira-dama do Estado.
Em que pese a força
dos recursos financeiros e o apelo à dramaticidade destas candidaturas a resposta
do eleitorado de Brasília, Mato Grosso e Roraima deveria vir em forma de um basta
à subjugação e ao desmando.
Felizmente, as gritantes diferenças entre Wesliam e Joaquim Roriz ressaltaram a dona de casa simples e a esposa devotada que se esforçou para impor mais um mandato de corrupção ao povo do Distrito Federal. Desta vez, a tentativa de enganar os eleitores se repete com a “primeira-dama-candidata” do legado politico de Arruda. Eu morro e não vejo tudo!
ResponderExcluir