QUIZUMBA, ÉTICA E REBORDOSA (*)
Nestes tempos de quizumba política os noticiários falam exaustivamente sobre ética. Principalmente, sobre a ética política – princípios; comissões etc.
Sobre ética, estou com aqueles que entendem que não se aprende na escola, mas em casa. Certamente, que a escola direciona o aluno para que possa avaliar suas ações em relação ao contexto social. Valores morais e princípios compõem a ética e norteiam a conduta do homem na sociedade em que vive.
No caso do político, representante do povo, não deveria haver dúvidas quanto à moral e o respeito às leis e à sociedade. Não deveria, mas há! E muitas!
Não há pretensão alguma de imaginar que as casas parlamentares sejam formadas apenas pelo “trigo” daqueles vocacionados à representação popular. Sempre haverá o “joio” a misturar-se ao “trigo” fazendo-o, de maneira paulatina, perder a credibilidade e, consequentemente, o respeito dos seus representados.
Agora, com a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobrás a rebordosa tornou-se mais evidente em relação à sua composição. Dos 27 membros da CPI, pelo menos 15 receberam doações nas últimas eleições das empresas investigadas na operação Lava Jato. O presidente da CPI, Hugo Motta, parlamentar paraibano do PMDB, recebeu míseros R$ 454 milhões das empresas Andrade Gutierrez e Odebrecht. E não fica só nisto. O relator, parlamentar carioca do PT, abocanhou para sua campanha a bagatela de R$ 962 milhões das construtoras Queiroz Galvão, UTC, OAS e Toyo Setal, apenas para exemplificar.

Hugo Motta (PMDB-PB) mamou R$ 454 milhões, mas preside a Comissão de Ética
Foto: Flickr/PMDB Nacional
Foto: Flickr/PMDB Nacional
Diante destes fatos, a CPI continua ou não os seus trabalhos com a atual composição?
Cabe ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados se posicionar na aplicação do Código de Ética que, na “letra fria”, proíbe que o parlamentar “relate matéria submetida à apreciação da Câmara, de interesse específico de pessoa física ou jurídica que tenha contribuído para o financiamento de sua campanha eleitoral”. Durmam com esta!
A punição prevista para a situação pode ser a perda do mandato. Mas jamais acontecerá. Balela pura.
Afinal, como aplicar as medidas previstas no Código de Ética se grande parte dos representantes do povo vive sob a suspeição de quebra do decoro e da ética?
E a nós, meros mortais – responsáveis pelo voto na composição do Parlamento – resta-nos conferir o preço do chuchu e sobreviver.
(*) Publicado também no radarbrasilia.com