O pleito municipal de Monte Alegre no
ano de 1976 apresentou uma novidade já quase esquecida desde os idos de 1962: a
campanha apresentava dois candidatos e, desta vez, na eram da Arena 1 e Arena
2. O MDB, recém-fundado na cidade, tinha candidato próprio. A nova sigla
absorveu um número considerável de eleitores, até então, fiéis a “renovação”
proposta pela Arena.
Além disso, a unificação das facções da
Arena foi motivo de desconforto para muitos. A formação das chapas foi motivo
de muita discussão, conchavos e
desagrados. Cada chapa procurava contar
com “os bons de votos” concorrendo a uma vaga na Câmara Municipal e somando
votos para a eleição de prefeito. Alguns candidatos já tinham cadeira quase
cativa na assembleia.
Raul Ribeiro Soares era um deles. Quase
que sem esforço renovava o mandato a cada quatro anos. Já nos últimos dias de
campanha foi juntamente com o candidato a prefeito Abílio Rocha e a tropa de
choque a um comício em São Dimas. Ao final do comício foram todos fazer uma
avaliação do ato e “limpar a guela” no bar de Gerson Vilarindo. Depois de
alguns rabos-de-galo – a cerveja não era tanta, Raul questionou Gerson sobre a
possibilidade de ter o seu voto.
De cara, Gerson deu todas as garantias
de que estava fechado com Raul, porém, fez questão de lembrar que no pleito
passado Raul não lhe dera o voto. Na volta para Monte Alegre, os oito
passageiros enlatados como sardinha no jipe de Ady Guerra, comentavam sobre o
comício e Raul disse que não acreditava que Gerson fosse votar nele.
O certo é que a conversa vazou. O
resultado? Durante a apuração dos votos na sede da Prefeitura de Gilbués um
voto chamou a atenção de todos que se aglomeravam com lápis e papel fazendo
contas. Para Vereador: Raul e no rodapé
da cédula: “Aqui é Gerson votando em você, Raul”.
O Juiz declara:
-
Voto nulo!
Texto publicado originalmente no livro Chegou hoje? Quando volta? 1ª edição, 2014, Oliveira, Pedro
Paulo Tavares.
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