segunda-feira, 4 de maio de 2015

LAVA-JATO E ZELOTES: MÍDIA E JUSTIÇA DESIGUAIS

Não deveria ser, mas de fato é.

Enquanto a operação Lava-jato é mote para as principais mídias do país e recebe atenção prioritária da Justiça Federal, a operação Zelotes é desenvolvida sem cobertura midiática e relegada a plano terciário pela mesma, embora os resultados a serem alcançados por ambas tenham a mesma importância para o Estado e para a sociedade.
As duas operações investigam máfias e negociatas enraizadas em órgãos do governo federal. Na Lava-jato, tendo como principal nicho a Petrobrás, são investigados a lavagem e o desvio de dinheiro envolvendo políticos e grandes construtoras do País. Na Zelotes, é o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), do Ministério da Fazenda – e seus julgamentos envolvendo bancos, empresas, escritórios de advocacia e consultoria e um grupo de auditores e conselheiros suspeitos de envolvimento em esquema de corrupção no órgão que norteiam a investigação.
Os recursos desviados pelas máfias podem chegar à casa de R$ 25 bilhões, embora até o momento já tenham sido identificados prejuízos e desvios nos órgãos da ordem de R$ 12 bilhões.
Sempre cabe mais Foto: MCCE
Sempre cabe mais
Foto: MCCE
Cerca de 50 políticos de diversos partidos já estão sendo investigados e ex-diretores da estatal e de construtoras envolvidas já marcaram presença nas celas da Polícia Federal. O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas ações penais decorrentes da Lava-jato, usa a delação premiada para aumentar o raio das investigações e autorizar os pedidos de prisão oriundos do Ministério Público Federal. Na Zelotes, o procurador federal Frederico Paiva não consegue êxito nos pedidos de prisão preventiva ou temporária dirigidos à Justiça Federal, especificamente à 10ª Vara Federal, que tem como titular o juiz Ricardo Leite.
Intriga, porém, o tratamento diferenciado dado às duas operações. Tanto uma como a outra investiga pessoas com assentos em colegiados deliberativos de órgãos do governo federal; desvios de recursos e prejuízos ao erário; políticos, apoiadores; empresas e bancos. Este último grupo, talvez, explique a diferença de tratamento até então dispensado à operação Zelotes. Dela pouco se fala e se noticia, mas investiga interesses de poderosos grupos como Fiat, Santander, Safra, Hsbc, Pactual, Bank Boston, Mitsubishi, Ford, Gerdau etc. É muito dinheiro desviado no âmbito do Carf patrocinando interesses privados, com o objetivo de conseguir a anulação ou diminuir os valores dos autos de infrações aplicados pela Receita Federal do Brasil.
Agora, uma centelha começa a arder timidamente nas Casas Legislativas. Na Câmara Federal, por meio da subcomissão presidida pelo deputado Paulo Pimenta (PT-RS),  da Comissão de Fiscalização e Controle, autoridades serão convidadas para prestar esclarecimentos. Serão ouvidos, preliminarmente, o procurador-federal e o delegado que conduzem a investigação. No Senado Federal, já chegou ao Plenário um pedido de CPI para tratar do Carf e da máfia reinante naquele colegiado. Quem sabe, a partir das informações prestadas os parlamentares encontrem o fio da meada e a operação possa tomar corpo e deslanchar?
Não custa esperar. Afinal, a operação Zelotes começou a engatinhar rumo ao reconhecimento da proficiência de quem a conduz e do seu objetivo. 
Publicado também no radarbrasilia.com

3 comentários:

  1. O problema é que essa turma não é dada a confissões e, por isso, costuma calar quando os envolvidos são gente da turma.
    No caso da Zelotes, o grande personagem é justamente o maior nome do Instituto Millenium, que unifica os interesses da grande mídia com os dos maiores negocistas do País. Além disso, aparece gente da própria mídia, que eles não consideram interessante entregar.

    ResponderExcluir
  2. O problema é que a grande mídia não é dada a confissões. E o grande senhor da Zelotes é justamente o personagem mais importante do Instituto Millenium, que unifica os interesses dos grandes órgão de comunicação brasileiros com os dos grandes negocistas. Além de empresas de comunicação, que eles não gostam de entregar.

    ResponderExcluir
  3. Seu texto esclarece os fatos com total imparcialidade! Tomara mesmo que os parlamentares achem o fio da meada!

    ResponderExcluir