segunda-feira, 24 de abril de 2017

Morre Cândido Carvalho Guerra


Morre, aos 95 anos e seis meses, Cândido Carvalho Guerra, na cidade de Corrente-PI. 

Professor, romancista, cronista, contista e poeta, mestre de muitos mestres do sul piauiense, sua morte abre uma lacuna na literatura e nas letras. 


Deixa um rico legado. 
É autor do Hino da Cidade de Corrente, do Hino do Ginásio Nossa Senhora de Fátima, de Monte Alegre do Piauí, entre outros.
Seus livros inspirados no cotidiano vivenciado por ele e pelo gentio da região perpetuam rudimentares costumes e situações de uma época.

Dentre eles pinço "Do Calcinado Agreste ao Inferno Verde" e "O Martelo Vingador" sagas típicas da nossa região.

Em correspondência trocada entre Cândido Carvalho Guerra  e o autor do "Dicionário de Sabedoria dos Piauenses", José Antônio da Silva, ele agradece o recebimento da publicação e a inclusão de verbetes da sua lavra. Desta correspondência, extraio o recorte sobre as citações dele para futura reedição do Dicionário. As expressões sugeridas, bem ao seu feitio, são: Arte, Instrução e Educação, Literatura Natureza e Dinheiro, Caráter e Amor.

Ao Criador, nossas preces para o acolhimento e o descanso eterno da alma de Cândido Guerra.


terça-feira, 18 de abril de 2017

Cidade de Natal é festa e luz o ano inteiro

Foto: Dicas de Viagem
O Natal é festa, é celebração, é alegria e é luz artificial. A cidade do Natal é festa, é mar, é alegria e é luz solar todos os dias do ano, ou seja, é Natal o ano todo.
A capital do Rio Grande do Norte tem como antecedente à sua fundação, a construção de uma fortaleza, sobre os arrecifes, à margem esquerda da foz do rio Potengi com o objetivo de proteger a capitania contra os ataques indígenas e dos corsários franceses. Em formato de estrela, a construção em pedra, argila e óleo de baleia, teve início em 6 de janeiro de 1598 e foi concluída no dia 24 de junho do mesmo ano. Nascia assim, o Forte dos Reis Magos. Com a construção da fortaleza não tardou o surgimento de uma povoação e em 25 de dezembro de 1599 é fundada a cidade do Natal.
O gentílico do Rio Grande do Norte é chamado de potiguar ou potiguara em referência a uma grande tribo Tupi que habitava a região litorânea.  Em Tupi quer dizer "comedor de camarão". Dizem os natalenses que o gentílico do sertão é o “papa jerimum”.
Natal é a segunda menor capital brasileira em área territorial, entretanto, é a sexta capital em densidade populacional. De acordo com a NASA, a cidade tem o ar mais puro de todas as Américas.
Estive em Natal, pela primeira vez, em 1981, em viagem de lua de mel. Encantei-me pela cidade com ares interioranos, excelente culinária regional, praias lindíssimas e todas elas apropriadas ao banho. Quis o destino e no ano seguinte, chegávamos de mala e cuia como novos moradores da cidade do Natal.
Foto: Elias Medeiros
Naquele tempo, no setor hoteleiro da cidade dois expoentes se destacavam o Hotel Ducal, no Centro, e o Hotel Reis Magos, na praia dos Artistas. Outros pequenos hotéis e pousadas compunham a rede de hotelaria. Na praia de Ponta Negra apenas a Casa de Hóspedes (pousada administrada por religiosos). O único canal de televisão local era o da TV Universitária da Ufrn. A TV Globo era sintonizada a partir de uma repetidora da mesma rede em Recife. Dois jornais disputavam a preferência do público de terça a sábado o Diário de Natal e a Tribuna do Norte. Aos domingos (já no sábado após as 17h00) circulavam O Poti. Havia, ainda, A República que circulava junto com o Diário Oficial do Estado, de segunda a sexta. Não havia Shopping Center. O acesso ao litoral norte era feito pela ponte de Igapó.
Nas barracas da praia de Ponta Negra os fregueses assíduos tinham suas despesas de final de semana anotadas em cadernetas e devidamente pagas por ocasião do recebimento do salário. Para desfrutar de um dia na praia de Cotovelo era preciso levar os comes e bebes, uma vez que não havia barraquinha para comercialização. Redinha, no litoral norte, era ponto de veraneio dos abonados natalenses. Genipabu, coisa de turista rico. Pipa, Cacimbinhas, Praia do Amor, Búzios eram quase inacessíveis.
Foto: Imóveis Mitula
Agora, trinta e alguns anos depois, arranha-céus fazem sombra sobre o mar de Ponta Negra, o acesso ao litoral norte é feito por uma moderníssima ponte estaiada, hotéis se avizinham por todas as avenidas, restaurantes, bares, shopping centers, turistas etc, se multiplicam. De fato, a cidade cresceu e quase triplicou a sua população, mas continua aconchegante, simpática e acolhedora.
Ponta Negra, mais que nunca, afirma-se como a princesinha do mar nordestino. Que bom ter ido a Natal!

Nós num renuncia não, padre!


No início da década de 1970 ainda não havia chegado a energia elétrica nos municípios sul piauienses. Os eventos profanos e religiosos quando realizados à noite eram iluminados pelos fifós e aladins. Alguns estabelecimentos possuíam o famoso Petromax.
Na solenidade de Sábado de Aleluia, na Matriz de Nossa Senhora de Fátima, no Alto do Anchieta, em Monte Alegre, o folclórico vigário padre Raimundo Negreiros que exaustivamente havia ensaiado alguns ritos com a comunidade conclamava a todos à participação na bênção do Fogo, da Água, dos Óleos e na renovação das promessas do Batismo. Apagam-se os aladins e tem início a cerimônia.
Àquela hora, ziguezagueando e falseando o passo, dois amigos inseparáveis se aproximavam da ladeira da Rua do Meio rumo à Matriz. Com muito esforço e lutando contra o efeito da sabugueira chegam ao patamar da igreja. Estranhando o ambiente sem nenhuma iluminação Abel dos Santos (seu Abel) segura o braço de José Pinto (Zé Pinto) e pergunta:
- O que houve? O padre botou o pessoal para rezar no escuro?
Zé Pinto, de pronto, regateia:
- Num sei não, cumpade.
Então, resolvem se dirigir para a soleira da grande porta principal não sem antes tirar os chapéus. O breu se dissipava pela luz das velas que começavam a ser acesas. O padre pede a todos que respondam de forma vibrante as perguntas do ritual da renovação das promessas do batismo. 
O padre em voz alta: Renuncias a Satanás? A comunidade uníssona: Renuncio!
Os dois amigos mais perdidos que cegos em tiroteio estavam ainda mais zonzos com aquela motivação. Sem perda de tempo seu Abel encosta no ouvido de Zé Pinto e pergunta:
- O senhor renuncia cumpade? A negativa foi instantânea. Então, seu Abel levanta a mão e berra:
- Nós num renuncia não, padre!


Texto publicado originalmente no livro Chegou hoje? Quando volta?  1ª edição, 2014, Oliveira, Pedro Paulo Tavares.

Aqui é Gérson, votando em você, Raul.


O pleito municipal de Monte Alegre no ano de 1976 apresentou uma novidade já quase esquecida desde os idos de 1962: a campanha apresentava dois candidatos e, desta vez, na eram da Arena 1 e Arena 2. O MDB, recém-fundado na cidade, tinha candidato próprio. A nova sigla absorveu um número considerável de eleitores, até então, fiéis a “renovação” proposta pela Arena.
Além disso, a unificação das facções da Arena foi motivo de desconforto para muitos. A formação das chapas foi motivo de muita discussão, conchavos  e desagrados. Cada  chapa procurava contar com “os bons de votos” concorrendo a uma vaga na Câmara Municipal e somando votos para a eleição de prefeito. Alguns candidatos já tinham cadeira quase cativa na assembleia.
Raul Ribeiro Soares era um deles. Quase que sem esforço renovava o mandato a cada quatro anos. Já nos últimos dias de campanha foi juntamente com o candidato a prefeito Abílio Rocha e a tropa de choque a um comício em São Dimas. Ao final do comício foram todos fazer uma avaliação do ato e “limpar a guela” no bar de Gerson Vilarindo. Depois de alguns rabos-de-galo – a cerveja não era tanta, Raul questionou Gerson sobre a possibilidade de ter o seu voto.
De cara, Gerson deu todas as garantias de que estava fechado com Raul, porém, fez questão de lembrar que no pleito passado Raul não lhe dera o voto. Na volta para Monte Alegre, os oito passageiros enlatados como sardinha no jipe de Ady Guerra, comentavam sobre o comício e Raul disse que não acreditava que Gerson fosse votar nele.
O certo é que a conversa vazou. O resultado? Durante a apuração dos votos na sede da Prefeitura de Gilbués um voto chamou a atenção de todos que se aglomeravam com lápis e papel fazendo contas.  Para Vereador: Raul e no rodapé da cédula: “Aqui é Gerson votando em você, Raul”.
O Juiz declara:
 - Voto nulo!


Texto publicado originalmente no livro Chegou hoje? Quando volta?  1ª edição, 2014, Oliveira, Pedro Paulo Tavares.

Poucas e boas do padre Raimundo Negreiros

Raimundo Dias Negreiros nasceu na cidade de São Raimundo Nonato, estado do Piauí, em 1º de janeiro de 1931. Era o quarto filho do casal Manoel de Negreiros Sobrinho (seu Nezinho) e Maria Dias de Negreiros (dona Maninha), cuja prole era de 17 filhos.
Cursou o ensino básico em sua terra natal e, já como seminarista, partiu para Salvador. Lá, cursou o ensino médio e, depois, Filosofia. Concluído o curso de Filosofia, seguiu para Roma, com outros 34 seminaristas, para cursar Teologia no Seminário Pio Brasileiro.
Catacumba de Priscila
Em 25 de fevereiro de 1956 foi ordenado sacerdote na Basílica de São Paulo Extra Muros e, no dia seguinte, celebrou sua Primeira Missa na Catacumba de Priscila. 
De julho a setembro de 1956, viajou por vários países da Europa e, no dia 28 de setembro daquele ano, embarcou de Roma para o Brasil a bordo do navio francês Provence.
Desembarcou no Rio de Janeiro em 11 de outubro. Viajou até São Paulo, para encontrar-se com o irmão Edilvo e outros parentes. Depois de alguns dias em São Paulo seguiu viagem para São Raimundo Nonato. Chegou no dia 7 de novembro, sendo recebido com muita alegria e com grandes homenagens.
Em 11 de novembro de 1956 celebrou sua Primeira Missa na terra natal na presença do Bispo Dom Inocêncio e de vários padres concelebrantes. 
Alguns dias depois inicia a sua vida apostólica como padre; vigário auxiliar e professor.
Em São João do Piauí substituiu por algum tempo o Padre Sólon. Posteriormente, foi transferido para Corrente na condição de auxiliar paroquial e professor do Colégio São José, dirigido por padres mercedários. Em 1958 retornou a São Raimundo Nonato. Na condição de professor, foi lotado no Colégio Dom Inocêncio permanecendo ali por seis meses. Ainda, em 1958, retorna a Corrente atendendo um chamado de Dom José Vasquez. Naquela cidade retoma suas atribuições e permanece por nove anos.
Em 1967, Dom José Vasquez avisa que ele deverá assumir, como pároco, em uma das cidades que estavam sem vigário. Não precisou de muito tempo para se decidir por Monte Alegre. Já no Domingo de Ramos tomava posse na presença de padre Getúlio de Alencar, autoridades locais e de uma grande massa de fiéis.
Durante algum tempo lecionou no Ginásio Divina Pastora, em Gilbués. Naquele tempo amadureceu a idéia de fundar um Ginásio em Monte Alegre, uma vez que muitos jovens deixavam os estudos por não ter condições para residir fora do município. A ideia ganhou corpo e adeptos. O espírito idealizador do Padre Raimundo contagiava a todos, que de alguma maneira se colocavam à sua disposição.
Não havia tempo a perder. Cumpridas as exigências legais, no dia 2 de julho de 1967, nasceu a Obra Social Nossa Senhora de Fátima, de Monte Alegre do Piauí, suporte e mantenedora do Ginásio Nossa Senhora de Fátima. A ideia tornava-se concreta.
No segundo semestre de 1970, quando os alunos pioneiros do Ginásio já cursavam a antiga 2ª série, inaugurou-se o prédio onde se instalaria e funcionaria em caráter permanente o Ginásio Nossa Senhora de Fátima, abrindo novos horizontes aos jovens de Monte Alegre.
Incansável, padre Raimundo, continuou promovendo a fé pela educação. Seu esforço foi reconhecido, tendo ele assumido, por nomeação do então governador do Estado, Dr. Dirceu Arcoverde, o cargo de Superintendente do Complexo Escolar Regional de Corrente, cargo que ocupou até março de 1980.
A convite do então reitor da Universidade Federal do Piauí, professor Camilo Silveira Filho, coordenou os Cursos de Extensão Universitária na Microrregião de Corrente. Dois anos depois foi lotado no Projeto Piauí, último trabalho que realizou como educador, passando desde então a exercer as tarefas específicas do seu sacerdócio.
Mais ainda faltava realizar um grande sonho acalentado e alimentado por muitos anos. Mais uma vez, o seu espírito idealizador faria concreto o grande sonho: a construção de um Santuário para devoção à mãe de Deus. Graças à ajuda de amigos de Teresina, Brasília, Goiânia e de todas as cidades do extremo sul do estado do Piauí ergueu o templo planejado.  
Praça Padre Raimundo Dias Negreiros.  
Ao centro o Santuário Nossa Senhora de Fátima
  Em 10 de fevereiro, com participação de representantes dos diversos segmentos político, social, religioso do estado e de outras unidades federativas surge o grande, bonito e imponente Santuário Nossa Senhora de Fátima, capaz de receber os fiéis que já não encontravam acomodação na igrejinha matriz.
Naquele dia o semblante do padre Raimundo deixava transparecer a felicidade, a paz do dever cumprido e denotava o gesto de carinho à comunidade mariana que ele tanto amava. Com o coração pleno daquela paz ele repetia sempre:  “Os anos de vida que ainda me restam, eu os ponho à disposição de Deus e dos meus irmãos na fé”.
Algum tempo depois, já bastante debilitado pela doença, interna-se em Teresina. Lá, falece em 12 de novembro de 1996, não sem antes manifestar o seu desejo de ser sepultado no Santuário Nossa Senhora de Fátima, para, assim, repousar eternamente na terra que tanto amou e entre o povo que o acolheu, ajudou e amou como padre, como mestre, como amigo de todas as horas e como irmão.
Sua lembrança estará sempre conosco porque ele fez realmente parte da nossa história e das nossas vidas.

Aos causos, pois.

Uílis? João eu te batizo em nome do Pai do Filho e do Espírito Santo

Em desobriga pelo interior do município o padre. Raimundo e sua “ajudância de ordem” desembarcam no Brejo na casa do senhor Chico Elvas, depois de uma tarde inteira de viagem desde Monte Alegre.  Não demora a sair a janta e logo todos se acomodam nas redes armadas na sala. Pela manhã, logo depois do café de massa, se dirigem para um prédio público que servia de escola. O padre autoriza o início dos apontamentos com os nomes dos batizandos, pais e padrinhos. Absorto nas anotações não olhava para a pessoa que informava os dados. Tendo finalizado um apontamento, outro informante é convocado.
- Nome da criança?
- Uílis, responde a genitora.
- Padre! A mulher está dizendo que o nome do menino é Uílis. Pode?
- Hum, hum!
Encerradas as anotações, os batizandos e respectivos padrinhos são chamados a formar um círculo para facilitar os ritos da cerimônia.
O padre vai andando dentro do círculo e perguntando o nome de cada criança e ao mesmo tempo despejando água na cabeça.
- Este?
A mãe, posicionada atrás dos padrinhos, se apressa em responder:
- Uílis!
O padre então completa a etapa:
- João, eu te batizo em nome do pai, do filho e do espírito santo.
Sem olhar para a mãe resmunga:
- Não sabe nem falar o nome que quer por no filho.

O diabo vai ser achar o santo

Ao descobrir que era possível captar na Alemanha doação de recursos para obras nas pequenas paróquias do interior da América Latina, o padre Raimundo não perdeu tempo. Projetou construir, além do Santuário de Nossa Senhora de Fátima, algumas capelas no interior. Uma delas foi a capela do povoado São Dimas.
Contando com a receptividade e o apoio da comunidade, começou a discussão sobre a localização da futura capela. Aproveitando uma passagem do bispo por Monte Alegre, comunicou-lhe a iniciativa. O bispo, também, entusiasmou-se com o projeto, mas aproveitou para perguntar:
 - E o santo a ser homenageado?
Padre Raimundo sapecou:
- Tem que ser São Dimas. O senhor não acha?
O bispo, antevendo a dificuldade, disse:
- Mas vai ser difícil encontrar uma imagem.
Tempos depois, ao finalizar a obra e “quebrar” umas geladas em uma birosca próxima à capela, resolveu ir a Bom Jesus comunicar o fim das obras ao bispo. Na viagem parou em Paus e “quebrou” mais umas três geladas para amainar o calorão. Retoma a viagem e ao chegar a Bom Jesus, vai direto ao Palácio Episcopal. Entra. Sem ser anunciado, grita:
- Senhor bispo acabei a Capela de São Dimas. Agora, o diabo vai ser achar o santo.

Eu não saio de Monte Alegre. Que saia o bispo que é espanhol!

Logo depois da posse do bispo D. Ramón Carozas em substituição a D. José Vásquez, convoca-se uma Assembleia com a participação de todos os padres da diocese de Bom Jesus. À medida que chegavam  eram recepcionados por seminaristas e guiados até aos aposentos que cada um deveria ocupar dentro do Seminário. Na hora do jantar não faltaram comentários sobre a pauta da reunião, até então desconhecida de todos.
Depois do jantar foram todos à Missa na Catedral de N. Sra. das Mercês. Antes de dormir, um lanchinho básico. Nova rodada de especulações, os nervos já à flor da pele. De repente, um dos padres diz que um dos pontos a ser discutido seria o rodízio entre os vigários nas paróquias. A informação parecia ser procedente, pois o padre alvissareiro indicava alguns nomes dados como certos no rodízio.
Noite mal dormida. Depois do café começa a Assembleia. O novo bispo saúda os padres e lhes apresenta as boas-vindas.  O assunto não foi tratado na parte da manhã. À tarde, um dos padres afirma ter visto as papeletas com os nomes dos vigários e as novas paróquias. O padre Raimundo, sem a sesta costumeira, estava com a cabeça pesada e já de saco cheio com o assunto. Proclama:
- Eu não saio de Montalegre, de jeito nenhum. Estou muito bem lá e espero acabar meu dias por lá.
Um dos padres lembrou que a ordem seria do bispo. Com a simplicidade que lhe era peculiar, padre Raimundo bateu o martelo:

- Eu não saio. E se o senhor bispo não ficar satisfeito que saia ele que é espanhol. Eu sou é brasileiro, estou na minha terra!

Textos publicados originalmente no livro Chegou hoje? Quando volta?  1ª edição, 2014, Oliveira, Pedro Paulo Tavares.